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Naufrágio


O que estás a fazer
No repuxo dessa tarde vadia?
Farás de conta que és essa figura cândida
De delícias e suspiros, divina Vénus, no centro da avenida?

O que estás a pensar?
Será que não entendeste ainda que não é sobre ti essa escultura?
E o simbolismo de um beijo ardente
Que guardaste dentro do teu pensamento
Afinal foi apenas uma iluminura ausente
Foi somente a noite escura.

O que estás a dizer?
Porque não procuras entender as circunstâncias em que o navio aporta?
Olha os remos, vê os sinais de fogo e as ondas a explodir... não vês?
Não vês?

Não vês o tempo a negar
As palavras pronunciadas num templo de vazio?
Não vês que naufragaste em mar alto?

Estás apenas suspensa na água
Por um fio de silêncio que perdura
Impenetrável, implacável... sereno e sedutor
Também as pedras lamentam
Que não tenhas ainda olhado para a água imensa
Por debaixo dos teus sonhos...
E sentido...

Vê...
És o centro polarizado 
Em que a antítese é seres tu
Nesse naufrágio isolado
Numa planície de ilusão
Voltado a Sul.

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